O Povo de Tranbik e o novo Código de Ética
Muitos anos se passaram após a invasão da Terra pelo povo do planeta Tranbik, situado nos confins da galáxia e iluminado por uma estrela anã vermelha, de 13ª. grandeza. Quem quiser ver a saga e a história desse povo estranho, leia aqui. Este link os remeterá aos episódios anteriores.
O projeto de poder dos tranbikeiros depois de 25 longos anos, deu um grande passo quando depois de se infiltrarem entre o povo do país escolhido por eles finalmente conseguiram chegar ao poder. Aliás, o país não foi propriamente escolhido, pois na verdade a sua nave caiu por engano num país tropical, mais precisamente nos Campos de São Bernardo, depois que o comandante tomou todo o estoque de álcool de beterraba existente nos tanques de combustível da nave e, completamente bebum, errou a rota que originalmente era para Marte.
N/A: O parágrafo acima sofreu uma pequena revisão de forma, mediante reclamos do anônimo metido a professor de português.
O estranho código comportamental dos tranbikeiros onde eles diziam uma coisa e faziam outra completamente diferente, poderia até ser estudado à luz da psicologia e tratado como um “deslocamento psicanalítico esquisitóide” como Freud poderia denominar. Mas no entanto a realidade era outra. O cérebro deles era diferente do cérebro humano. Os neurônios tranbikeiros por razão puramente anatômica, enviavam impulsos com carga elétrica positiva ao sistema nervoso e este os transformava em carga negativa e vice-versa. Assim, quando um tranbikeiro dizia “neste governo não se rouba e não se deixa roubar” acontecia exatamente o contrário. Foi o caso de Zex Tranbix nomeado por Lul-Lala Molluska como Chefe do Gabinete Geral da Tranbikagem. Como o governo de Molluska era minoria política, para atrair aliados Zex Tranbik sugeriu oferecer cargos e funções no governo aos políticos locais e em troca, eles apoiariam o governo do povo do planeta da estrela vermelha. Era uma prática plenamente aplicada na política local nos governos anteriores. Mas os chefes políticos dos aliados potenciais não queriam só cargos e funções. Queriam também recompensa em espécie - metáfora utilizada para denominar grana, bufunfa, jabaculê, tutu, jibungo, capim, caroço, para apoiar os tranbikeiros.
(N/A. : agora entendi de onde veio o apelido “Pedro Caroço” do Zé Petralha em Cruzeiro do Oeste)
Naturalmente, com a autorização de Molluska e anuência da cúpula do Partido dos Tranbikeiros representada por Delubium Soarex, seu tesoureiro e por Zex Genuine, seu Presidente, Zex Tranbik aceitou pagar a recompensa em espécie embora na realidade, sua anatomia psicanalítica o faria em algum momento agir ao contrário. No entanto, as coisas não ocorreram bem assim. O Partido dos Tranbikeiros não tinha toda essa grana pois sempre foram um bando de incompetentes em matéria de administração financeira e tiveram então que tomar emprestado com um agiota apresentado a Zex Tranbik por Louis Gushy, o Chefe das Comunicações, que aos olhos do público se fazia passar por empresário do ramo da publicidade e detinha gordos contratos com o governo de Lul-Lala Molluska. Mas o apetite dos aliados era muito grande, principalmente de políticos de 3 partidos que haviam apoiado o governante anterior, que não se sentiam satisfeitos com o que haviam ganho nos últimos 8 anos e queriam mais, muito mais!
Zex Tranbik então começou a dar calote em alguns aliados, alertado por Genuine e Delubium que a grana tinha acabado e até satisfazendo seus instintos mais primitivos de fazer tudo ao contrário que pensava e falava.
Um desses aliados colocou a boca no trombone e foi posto a público o famoso “escândalo do jabaculão”. Tal escândalo abalou a imagem do Partido dos Tranbikeiros de tal forma que todo o palavrório que eles utilizaram para chegarem ao poder como “eu sou ético, eu sou honesto, eu sou a favor dos pobres e miseráveis deztepaiz” virou letra morta.
Tal fato gerou uma apuração dos responsáveis pelo escândalo na famosa CPI do Jabaculão e Zex Tranbik, Delubium Soarex, Genuine, Louis Gushy foram junto com mais 36 tranbikeiros e aliados, levados a prestar contas à Justiça.
Este “escorregão” causou não só um abalo nas bases do Partido mas também um profundo sentimento de contradição na cabeça dos tranbikeiros originais. O partido tinha crescido bastante e vários habitantes locais tinham aderido às teses originais de ética, honestidade, igualdade entre os desiguais, transparência, competência, socialismo democrático, etc e tal. Os terráqueos locais que passaram a militar no partido não tinham conhecimento desta peculiar característica anatômica-psicanalítica dos líderes do partido, o de agir exatamente ao contrário do que pensavam e falavam.
"Então o que fazer?" Se questionaram os líderes do partido em Assembléia Geral Extraordinária.
“Precisamos estabelecer um novo código de ética que ao mesmo tempo se mostre correto aos corações e mentes de nossos militantes e ao povo local mas que nos faça agir dentro do que nossa lógica anatômica-psicanalítica mande e não nos cause traumas psíquicos, lembrou o Ex-Comissário da Previdência Rick Vigaristoini, hoje Presidente do Partido dos Trambikeiros.
“O que fazer? O que fazer? Que preocupação! Que compromisso! Que compromisso!” , se lamentava Molluska.
Depois de 48 horas ininterruptas de discussões e debates desta vez em um luxuoso hotel 7 estrelas na capital do país, regada a uísque escocês (Molluska havia mudado seus hábitos etílicos. Agora preferia o álcool de malte em vez do álcool de beterraba, antiga preferência nacional dos habitantes do planeta Tranbik), chegaram a um novo Código de Ética simples de 6 itens.
(N/A: mostro em parênteses e em vermelho, como realmente pensam e agem os tranbikeiros, na sua peculiar lógica anatômico-psicanalítica)
Item 1 – Quando pego numa maracutaia, mesmo que em flagrante, sempre diga que não sabia de nada.
(eu sei de tudo, seus babacas)
Item 2 – Se provarem que está roubando ou enganando o povo, afirmem: “Os outros faziam”
(eu também faço, e pior!)
Item 3 – se a imprensa independente descobrir novos escândalos, sempre afirme que é coisa da imprensa golpista
(Xi! Eles descobriram! Chama o PHA!)
Item 4 – Se um companheiro for pego roubando ou cometendo atos de peculato, improbidade administrativa, sempre diga que ele errou e errar é humano, foi um erro administrativo.
(você me meteu numa fria, seu FDP).
4.1
Se a coisa for muito feia, diga que ele é aloprado e depois que o assunto esfriar, o acoberte.
Item 5 – Se ao aumentar impostos para encher o caixa do governo e poder aumentar o caixa do partido forem contestados, sempre digam que esta é uma reforma como nunca se viu neztepaiz, que irá simplificar sem aumentar o ônus para a sociedade .
( vocês vão pagar o nosso luxo, seus idiotas!)
Item 6 – Se disserem que queremos dar um golpe e nos perpetuarmos no poder, sempre digam que somos democráticos e republicanos e que a alternância no poder é benéfica para o país.
(nunca mais vamos largar o osso, seus imbecis!)
Com este código aplicado logo após o escândalo do jabaculão, Molluska não só conseguiu se livrar como também foi reeleito. Depois da reeleição, aconteceu outro escândalo, desta vez com cartões de crédito corporativo que os companheiros utilizam para gastar a rodo o dinheiro público sem comprovação .
Porém utilizando os preceitos do novo código, tal escândalo será facilmente abafado a menos que a divulgação em primeira mão dos itens deste código e a verdadeira intenção dos invasores da Estrela Vermelha, seja exaustivamente denunciada por Reinaldinho e Dioguinho, hoje respectivamente Reinaldo e Diogo, jornalistas e comentaristas de renome no país que lideram na imprensa o combate aos invasores.
N/A: Este episódio é exercício de mera ficção e qualquer eventual relação com pessoas ou fatos reais terá sido mera coincidência.