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sábado, agosto 06, 2016

Impressões sobre a apresentação da Olimpíada ontem

Na minha opinião, a apresentação ontem que foi uma grande oportunidade de mostrar a um público de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo quem somos de verdade, mas não foi. Foram perdidas grandes oportunidades.

Foi um show de plástica, especialmente o acendimento da pira olímpica mas em termos de conteúdo pecou e muito. Afinal quem vê cara não vê coração, não é?

Talvez pelo momento, não muito favorável pela situação política e econômica, onde não se soube adaptar o virtual ao real o resultado não atingiu o efeito que se esperava.

Quando Lula pensou em promover o evento, os tempos eram outros. Ninguém sabia que por trás da iniciativa, que hoje sabemos, foi meramente populista, estava em curso paralelo um assalto perverso ao bolso e à dignidade do povo chamado Petrolão. Muitos achavam (e alguns ainda acham) que o Brasil era o país dos reis da cocada preta. De 2007 para cá, muita coisa mudou. O Rei foi desnudado, sua sucessora está para ser deposta por incompetência e corrupção, o desemprego está nas alturas, a recessão econômica é a pior dos últimos 80 anos, mas o projeto da Olimpíada foi em frente até o ponto sem volta. Os promotores poderiam ter feito uma "gambiarra" para melhorar a apresentação mas o resultado não foi este.Preferiram manter ainda uma conotação ideológica irreal.

Por falar em voltar, voltemos ao assunto da apresentação.

O tema das etnias que formaram o país que é hoje que foi apresentado. Deu a impressão a quem não nos conhece que o país foi formado por índios que aqui já viviam, por escravos negros, por japoneses e por árabes. E na verdade, o Brasil é talvez até mais que os Estados Unidos, um "melting pot" de etnias mundiais. Um gigantesco grupo étnico da formação brasileira foi ignorado como os imigrantes italianos, alemães, europeus em geral que na verdade foram os maiores construtores da economia do Brasil. Grosso modo, etnicamente, 35% da população é de descendentes diretos de ibéricos, italianos e alemães, 52% são mestiços das mais variadas ascendências, uma mistura de europeus e etnias de outras origens das mais variadas com negros ou índios, 6% são descendentes diretos de negros africanos, 2% de asiáticos, 1% de outras origens européias como as escandinavas e do Leste europeu, 3,5%% de pessoal do Oriente Médio e 0,5% índios puros.Somos de maneira linda,formados por diferentes grupos étnico-raciais que nos marcam em termos culturais, como um dos países onde esta expressão é das mais ricas no mundo. Viva este Brasil! A porcaria é que vivemos uma concepção etnográfica assentada em uma antropologia de visão distorcida pela ideologia de fancaria de gente de miolo mole mais interessada em seus umbigos que no povo.

 No campo da cultura popular, especificamente da música, houve loas aos grandes sambistas de morro o que é ótimo, mas com muito pouca evidência.

No caso da lembrança da bossa nova nascida no Rio de Janeiro, que marcou uma época e até hoje é lembrada no mundo, os produtores pecaram pela falta de informação. Lembraram Tom Jobim (justíssimo), mas esqueceram de Vinícius, de Menescal, de Bôscoli, de Carlos Lyra, de Edu Lobo e outros tantos cariocas que exaltaram a cidade pelo mundo todo através da música.

Teria sido muito mais impactante e respeitoso quando Giselle Bundchen desfilou (e nesse caso, começar com Helô Pinheiro passando a faixa para Giselle), passar no fundo um pout-pourri das músicas e com flashes das imagens dessas personalidades. Afinal, há símbolo musical mais significativo do Rio que além de Garota de Ipanema e Samba do Avião, O Barquinho, Corcovado,  Ela é Carioca e tantas outras? Mas não, essas músicas foram compostas pelos "coxinhas" da época e não são povão, não pode mostrar. Aí a ideologia de fancaria predominou ou a incompetência intelectual valeu o que dá no mesmo.  

Por fim, o apelo à ecologia. O Diretor Fernando Meirelles, todos sabem, foi o marqueteiro de Marina Silva, a rainha da mata. Aí mostrou um tema populista contra a poluição mundial causada pela queima do petróleo mas escondeu aquilo que todo o mundo sabe.  O montão de esgoto "in natura" jogado nas águas da Baía da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas onde os valorosos competidores olímpicos irão navegar atrás de suas medalhas.  Quanta incoerência!

Sem contar a desnecessária presença das bundas no final, absolutamente desnecessárias, da ridícula Regina Casé, da mumificada Elza Soares, de um  Gilberto Gil saído diretamente de uma sessão de hemodiálise, de um Caetano Veloso senil  e cá entre nós, da Anita cantando um clássico de Ary Barroso que não tem nada a ver com o Rio de Janeiro. Jorge Benjor empolgou além de ser um legítimo representante da cidade do Rio de Janeiro mas foi só ele. E Tim Maia, minha gente?