Translator

quinta-feira, outubro 26, 2017

Esquerda x Direita - uma discussão estéril no Brasil-parte II

Qualquer pessoa de esquerda intelectualmente honesta tem que reconhecer que a única forma de criar riqueza é através do emprego e da meritocracia. Porém,se considerarmos os dogmas marxistas, é humanamente impossível fornecer empregos públicos a toda uma sociedade economicamente ativa com base no montante de impostos arrecadados somados aos ganhos oriundos da comercialização dos processos de produção industrial e agrícola, idealmente imaginados por Marx. Para exemplificar: o Brasil tem hoje, reconhecida, uma das maiores cargas tributárias do mundo. Quase 35% do PIB. Isso dá em dinheiro de hoje, R$ 1,75 trilhões!!! Considere-se então uma arrecadação pelo Estado da "mais valia" que seria ganha pelos capitalistas reservada a investimentos em melhorias. Consideremos este valor de uma forma até otimista, baseada numa produtividade igual ou maior que a produtividade das sociedades liberais-capitalistas, como sendo 5% do PIB. No Brasil isso daria mais R$ 0,25 trilhões. Agora vamos agora agregar à carga tributária o custeio de salários e encargos sociais,de saúde,segurança e trabalhistas desse pessoal que da mesma forma, comparado aos regimes capitalistas seria de 60% do PIB. Temos então 95% do PIB a ser distribuído igualitariamente aos cidadãos produtivos, que por sua vez, ao receberem estes salários, devem sustentar suas famílias e os cidadãos improdutivos.Temos então, R$ 4,75 trilhões divididos por 110 milhões de pessoas. Isso dá 43,18 mil reais por ano de renda per capita( equivalente a US$ 13.490) Teoricamente, cada cidadão brasileiro produtivo teria em média, R$ 3.600,00 de salário mensal para viver com sua família e agregados (sem 13.). Paraíso? A renda per capita média nos EUA é US$ 57.500,00. Na Europa, US$ 38.000.O Brasil neste cenário ficaria entre as melhores sociedades do mundo. Essa era a utopia de Marx, bagunçada por Lenin. 

Mas não foi bem assim e não será. E o mérito, onde fica? Quem produz mais, deve ganhar mais.E isso foi um dos motivos pelo que o regime socialista-comunista não deu certo. Parasitas do regime, pessoas do Partido, vagabundos, ladrões, párias, tinham o mesmo tratamento que os cidadãos comuns. Sem contar que a corrupção e os privilégios se instalaram num sistema onde o Partido único se confundiu com o poder, corroborando a tese de Nelson Rodrigues que  "O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente". Aí, o setor produtivo se rebelou silenciosamente, a produtividade desceu a níveis mínimos. Os 250 bilhões de reais reservados a investimentos foram aqui e lá na antiga URSS, solapados e "garfados" pelos corruptos de forma que após alguns anos, o sistema faliu por falta de recursos. Na URSS isso demorou 60 anos. Aqui, 13 anos.    

Esquerda x Direita: Uma discussão estéril no Brasil de hoje

O debate de esquerda e direita já está gasto há muito tempo. Os termos criados nos tempos da Revolução Francesa do século 18 se referiam aos grupos político-ideológicos jacobinos e girondinos que se sentavam em lados opostos no parlamento francês onde os jacobinos sentados do lado esquerdo, defendiam  o fim dos privilégios para nobreza e clero, mas eram favoráveis a um regime centralizador (estatizado) e os girondinos sentados do lado direito, pregavam uma revolução liberal, a abolição dos privilégios da nobreza e estabelecimento do direito de igualdade perante a lei. De lá para cá, a política e a economia mundial mudaram muito, tivemos no meio 2 guerras mundiais, uma Guerra Fria que durou mais de 40 anos, onde a ideologia social-comunista dita de esquerda, comandada pela antiga USSS se opôs à ideologia liberal-capitalista dita de direita, liderada pelos Estados Unidos. Por fim, no final da década de 80 do século passado, o sistema socialista-comunista desabou em quase todos países da antiga Cortina de Ferro, juntamente com o Muro de Berlim. Sobraram 3 países de ideologia dita "de esquerda" . Cuba, Coréia do Norte e China.A China, a partir do final do século XX e neste século XXI, migrou economicamente para um regime capitalista, de mercado, onde o lucro é admitido e incentivado, tentando manter (até agora com sucesso) o regime socialista estatizante, que não se sabe quanto tempo durará. Mas não se pode hoje dizer que o regime chinês é de esquerda. Assim, em todo mundo e aqui no Brasil, os ideólogos e adeptos do esquerdismo jacobino/marxista-leninista/stalinista/trotskista/maoísta ficaram órfãos de discurso. 
Nos EUA, houve o sentimento de vitória do regime liberal-capitalista sobre o regime social-comunista e lá impera o regime liberal-capitalista como sempre foi. Na Europa e em grande parte do resto do mundo desenvolvido, grupos e partidos antes ideologicamente "de esquerda" migraram por questão até de sobrevivência, para uma ideologia "social-democrata" ou "social-liberal". Uma coisa "meio barro, meio tijolo" chamada pela mídia, "de centro-esquerda, centro-direita".
A saída do esquerdismo nos países mais pobres, de alta desigualdade social (saída inteligente, diga-se de passagem) foi retomar o discurso antigo mas é claro que enfrentando uma clara divisão entre os grupos, uns mais radicais, outros mais moderados. O discurso que mais vingou, foi o moderado, seguindo a doutrina gramcista onde o combate ao liberalismo capitalista deve ser feito por meio de uma revolução cultural e não revolução armada, física. Mas é preciso dar nome aos bois neste processo "revolucionário". Decidiu-se então manter a denominação "esquerda" em oposição à "direita" já consagrada no passado, como forma de rotular na cabeça da sociedade os conceitos antagônicos. Mas essa forma rebaixou o nível do debate político.
Claro, quem iniciou esse rebaixamento político foi o petismo, entre outras coisas por trazer dos escombros do Muro de Berlim, o papo Guerra Fria de "esquerda x direita" enquanto cinicamente se banqueteou nos jantares chiques com os empresários amigos do peito acompanhados dos políticos aliados pertencentes aos grupo "meio-barro, meio-tijolo" . Entretanto, como diz o ditado, se gentileza gera gentileza, fanatismo e hipocrisia também geram fanatismo e hipocrisia. Daí que não tardou muito para as contrapartes igualmente fanáticas de direita aparecerem a fim de alimentar esse cada vez mais insuportável fla-flu de bregas de esquerda versus jecas de direita onde a baixaria rola solta. Depois continuo.  

 


sábado, outubro 14, 2017

Uma questão de lógica

Esse post é continuação de um comentário meu no Facebook. Por questão de clareza, vou repetir aqui a parte do comentário feito (editado) e sua continuação.

Vendo o desenrolar dos fatos e das notícias, por uma questão de lógica, fica cada vez mais claro que, o que há no ar é uma disputa de cachorros muito grandes pelo poder, bem maiores do que a maioria pode imaginar. O Brasil, apesar da imprensa a favor dos poderes em litígio, a qual insiste em tentar passar a nós o complexo de vira-lata, é muito grande. 

Sermos a nona economia do mundo apesar das desigualdades sociais, é muita coisa. É muito dinheiro em jogo e dinheiro significa ter poder mais a influência sobre a sociedade. 


Voltemos no tempo: 


Em 1988, as forças que subiram ao poder após o militarismo criaram um conjunto de regras denominado "Constituição Cidadã" que nada mais, nada menos, é o Manual de Instruções de como dominar a sociedade dentro de um sistema de orientação social-democrata aos moldes europeus.


O que se seguiu, foram facções dominantes ao longo do tempo, de tendências distintas mas ideologicamente muito mais próximas do socialismo de esquerda do que do liberalismo de direita.Naturalmente, isso foi uma reação imbecil ao regime anterior, de orientação autoritária, estatista, nacionalista extremada, se aproximando muito de um regime fascista, sem sê-lo de direito. Os governos militares se aproximaram muito mais da doutrina socialista,estatista, autoritária do que de um sistema social-liberal, capitalista aos moldes norte-americanos, por exemplo.


Nesse ponto, quero fazer um parênteses e externar minha visão da época do militarismo. Em 1964, eu tinha 12 anos e portanto incapaz de entender o que se passava na vida política brasileira. Em 1968/1969, já adolescente pré-universitário, estava no furacão da chamada repressão que atingia aqueles que se opunham explicitamente ao regime mas não atingia a maioria que continuava trabalhando e estudando sem se envolver, inclusive eu que, orientado pelos pais, preferi estudar e cuidar da minha vida. Fazia parte da famosa maioria silenciosa. 


Havia censura? Sim. Aprendi a cozinhar lendo as receitas do JT e poesia lendo o Estadão. 


Havia torturas? Eu só vim a saber delas mais tarde e pelo que soube, opositores combatentes do regime sofreram com isso. Mas não soube de ninguém do povão que tenha sofrido tortura. Ouvi dizer que bandidos comuns se pegos sofriam demais nos cárceres também com torturas e talvez por isso, a sensação de segurança pública era maior pelo medo da bandidagem de ser pega e passar pelos "paus-de-araras" da vida. Mas existia uma "democracia". Um arremedo, mas estava lá. Tinha um Executivo, um Legislativo, um Judiciário. Claro que o Legislativo e o Judiciário eram subjugados pelo Executivo autoritário mas o que é são as "democracias" chinesa, cubana, venezuelana hoje? A mesma coisa. As vivandeiras esquerdistas brasileiras dizem na imprensa que naqueles países existe democracia e nos tempos do militarismo brasileiro não havia. Ora, estão sendo hipócritas e mentirosos.  


Voltando ao assunto: 


O governo do PMDB com 6 anos de duração, eleito de forma indireta, diga-se de passagem, se deu num cenário conjuntural muito conturbado, graças ao caos econômico causado pelo estatismo e nacionalismo exacerbado dos militares, que se revelaram péssimos administradores. O governo Sarney se caracterizou pela absoluta incompetência em gerir o país mas pela absoluta competência em enganar o povo enquanto tomavam lugar nos postos-chave de captação de dinheiro. Além da Constituição Cidadã acima citada, o governo Sarney criou a social-democracia cleptocrata no Brasil que persiste até hoje. 


Veio então o governo Collor, eleito democraticamente, que na prática foi uma continuidade do governo anterior mas teve como característica a falta de profissionalismo em roubar como o PMDB e foi defenestrado em 2 anos. Teve um só aspecto positivo que foi a tentativa de levar nossa economia para um viés mais liberal que como veremos adiante, foi anulado pelos governos que se seguiram.


Daí, tivemos a era Itamar/FHCdo PSDB, também eleitos democraticamente, que durou 10 anos. 


Caracterizada como a era do fim da inflação, das privatizações, de um certo viés de liberalismo econômico que alçou o país à 8a. economia mundial. Foi onde o profissionalismo da roubalheira passou por um aperfeiçoamento, graças à experiência do PMDB na roubalheira aliada à sofisticação dos tucanos. Não pensem que não se roubou nessa época. Roubou-se e muito mas tirando o mensalão do Azeredo, pouco se descobriu (a turma era esperta). Mas foi nessa época que o modelo político social-democrata começou a derivar mais para o socialismo e para a esquerda.


Veio então o PT. O lulo-petismo. Eleito de forma democrática. Durou longos 13 anos. Assumiram com discurso social-democrata de viés liberal na economia, o PMDB mais um bando de "espertos" se aliou a eles, ganharam a confiança do povo especialmente aqueles com miolo mole e ao longo do tempo especialmente no governo Dilma, derivaram para um lado negativo, para um socialismo político e para um exacerbado estatismo (uma espécie de capitalismo de Estado aos moldes chineses) na economia, retrocedendo a economia aos tempos do militarismo. Não deu tempo de implantarem no país a democracia totalitária ao estilo chinês, cubano ou venezuelano. As forças do PMDB e seus puxadinhos de centro-direita percebendo que iriam sofrer uma rasteira,  aliadas às forças do PSDB e seus puxadinhos de centro-esquerda  se uniram e os tiraram do poder.


Mas notem, estes 13 anos serviram para que as forças lulo-petistas bem como seus puxadinhos políticos se consolidassem e se unissem. 


E hoje?

Quem está no poder é uma mistura de duas facções que já comandaram o país. Já foram aliados no passado, já foram opostos também no passado. O que têm em comum é que passaram a a perna no PT e seus puxadinhos e essa gente do PT quer se vingar. E estão conseguindo. Temer, que representa o PMDB e seus puxadinhos que faziam parte do governo do PT está demonizado, acusado, porque é claro, tem rabo preso. Aécio, que representa aqueles que se aliaram ao PMDB de Temer para tirar o lulo-petismo do poder está demonizado, comprovadamente ferrado porque também tem rabo preso.

Aos nossos olhos, todas as facções políticas estão demonizadas. Aos olhos do povão, todo político não presta. Por este ângulo, estamos ferrados, que voltem os milicos ou um populista de ocasião. Mas é preciso alertar. Não há saída fora da política. A volta dos milicos não resolve. Vejam o que eles fizeram no passado. Por tudo isso, é preciso que o povo brasileiro tome tenência e em 2018, aproveite para fazer a faxina e colocar no poder gente decente e competente.