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quinta-feira, outubro 26, 2017

Esquerda x Direita: Uma discussão estéril no Brasil de hoje

O debate de esquerda e direita já está gasto há muito tempo. Os termos criados nos tempos da Revolução Francesa do século 18 se referiam aos grupos político-ideológicos jacobinos e girondinos que se sentavam em lados opostos no parlamento francês onde os jacobinos sentados do lado esquerdo, defendiam  o fim dos privilégios para nobreza e clero, mas eram favoráveis a um regime centralizador (estatizado) e os girondinos sentados do lado direito, pregavam uma revolução liberal, a abolição dos privilégios da nobreza e estabelecimento do direito de igualdade perante a lei. De lá para cá, a política e a economia mundial mudaram muito, tivemos no meio 2 guerras mundiais, uma Guerra Fria que durou mais de 40 anos, onde a ideologia social-comunista dita de esquerda, comandada pela antiga USSS se opôs à ideologia liberal-capitalista dita de direita, liderada pelos Estados Unidos. Por fim, no final da década de 80 do século passado, o sistema socialista-comunista desabou em quase todos países da antiga Cortina de Ferro, juntamente com o Muro de Berlim. Sobraram 3 países de ideologia dita "de esquerda" . Cuba, Coréia do Norte e China.A China, a partir do final do século XX e neste século XXI, migrou economicamente para um regime capitalista, de mercado, onde o lucro é admitido e incentivado, tentando manter (até agora com sucesso) o regime socialista estatizante, que não se sabe quanto tempo durará. Mas não se pode hoje dizer que o regime chinês é de esquerda. Assim, em todo mundo e aqui no Brasil, os ideólogos e adeptos do esquerdismo jacobino/marxista-leninista/stalinista/trotskista/maoísta ficaram órfãos de discurso. 
Nos EUA, houve o sentimento de vitória do regime liberal-capitalista sobre o regime social-comunista e lá impera o regime liberal-capitalista como sempre foi. Na Europa e em grande parte do resto do mundo desenvolvido, grupos e partidos antes ideologicamente "de esquerda" migraram por questão até de sobrevivência, para uma ideologia "social-democrata" ou "social-liberal". Uma coisa "meio barro, meio tijolo" chamada pela mídia, "de centro-esquerda, centro-direita".
A saída do esquerdismo nos países mais pobres, de alta desigualdade social (saída inteligente, diga-se de passagem) foi retomar o discurso antigo mas é claro que enfrentando uma clara divisão entre os grupos, uns mais radicais, outros mais moderados. O discurso que mais vingou, foi o moderado, seguindo a doutrina gramcista onde o combate ao liberalismo capitalista deve ser feito por meio de uma revolução cultural e não revolução armada, física. Mas é preciso dar nome aos bois neste processo "revolucionário". Decidiu-se então manter a denominação "esquerda" em oposição à "direita" já consagrada no passado, como forma de rotular na cabeça da sociedade os conceitos antagônicos. Mas essa forma rebaixou o nível do debate político.
Claro, quem iniciou esse rebaixamento político foi o petismo, entre outras coisas por trazer dos escombros do Muro de Berlim, o papo Guerra Fria de "esquerda x direita" enquanto cinicamente se banqueteou nos jantares chiques com os empresários amigos do peito acompanhados dos políticos aliados pertencentes aos grupo "meio-barro, meio-tijolo" . Entretanto, como diz o ditado, se gentileza gera gentileza, fanatismo e hipocrisia também geram fanatismo e hipocrisia. Daí que não tardou muito para as contrapartes igualmente fanáticas de direita aparecerem a fim de alimentar esse cada vez mais insuportável fla-flu de bregas de esquerda versus jecas de direita onde a baixaria rola solta. Depois continuo.  

 


Um comentário:

Regina Helene disse...

Adorei ! Está na hora de colocarmos os pontos nos “ is” - seja esquerda ou direita a busca é pelo poder . E o poder pressupõe privilégios e dinheiro. Ou seja : o Homem tem que mudar seus anseios. Compreender que não será por definições antagônicas teóricas com intuito uno...que a humanidade evoluirá para um determinado nível de equilíbrio ...