Por Mauro Pereira da Silva
Coube novamente ao presidente Fernando Henrique Cardoso ser o acorde dissonante na ópera do absurdo que Lula nunca terminou e que se manifesta nas audições diárias executadas pela sinfônica da vassalagem ordinária e pela orquestra brasileira da oposição covarde, ambas conduzidas pelas batutas magistralmente fraudulentas do ex-presidente eleito pelo Partido dos Trabalhadores .
O excepcional ensaio do presidente Fernando Henrique, mais do que revelar o perfil oportunista e corrupto do PT e de seu aliados, também escancara a pocilga fétida onde chafurdam trabalhistas que não gostam de trabalhar e sindicalistas pelegos — os dois traidores da causa trabalhista –, comunistas que ainda se escandalizam com o perigo representado pelo capitalismo, mas que não abrem mão das delícias e prazeres que ele proporciona, e heróis da resistência cujo heroismo tinha prazo de validade vencido e que, no seu tempo e na sua hora, apresentaram a nota promissória estipulando o valor da epopeia, regiamente resgatada com juros e correção monetária, ressalte-se, e creditada na conta corrente do banco nacional do soldo mercenário de indenizações imorais.
Há que se lembrar também dos áulicos desprezíveis que infestam os salões palacianos, sempre disponíveis à autoridade da vez.
Fernando Henrique Cardoso tem a altivez dos nobres ao reconhecer seus erros sem recorrer à prática abominável da humildade oportunista e de tamanho único, que define o caráter dos cafajestes. Chama a oposição à razão, na tentativa de reacender a chama da valentia, que se espera dos opositores e o respeito às suas obrigações institucionais, e por extensão aos seus eleitores, compromissos esses vitais à prática da boa política mas que ficaram esquecidos em algum lugar dessa caminhada democrática.
Sem ser arrogante, Fernando Henrique demonstra todo o seu conhecimento a respeito dos problemas políticos e econômicos do Brasil. Como oposicionista que é, e passando ao largo da redundância, ensina à oposição que a obrigação do opositor é se opor. Simples e contundente.
Sugere, ainda, que se espelhem na oposição que vem das ruas, cujas vozes indignadas ecoam pela vastidão da internet clamando por mais lisura e decência no trato da coisa pública, incitando-os a serem os representantes desse clamor popular. O resultado das urnas os legitimariam.
Em mais de cinco mil palavras de um texto exemplar, pouco mais que algumas dezenas me chamaram a atenção de uma maneira mais particular: “a corrupção continua a ter o repúdio não só das classes médias como de boa parte da população”.
Infelizmente, essa parte boa da população que repudia a corrupção não é suficiente para derrotar o populismo hegemônico implantado pelo PT e pelo lulalato. Por outro lado, a parte que encara a corrupção apenas como um deslize inocente e foi poupada nas considerações de FHC, é a que dá sustenção e aval à era da mediocridade.
Configura-se o epílogo da ética e da moral.
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