CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS DA POLÍTICA BRASILEIRA. BONS POLÍTICOS NO BRASIL SÃO QUE NEM MIRAGENS.QUANDO A GENTE PENSA QUE EXISTEM, SE ESVAEM COMO FUMAÇA.
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terça-feira, março 21, 2006
De um colaborador...
FÁBULA DO GATO BARBUDO
Um fazendeiro plantava milho e armazenava o milho no paiol.
Com o milho, o fazendeiro alimentava as galinhas, os cavalos, as vacas, ovelhas e todos os outros bichos da fazenda.
Os bichos da fazenda, por sua vez, garantiam ao fazendeiro o seu sustento.
Os ratos insistiam em roubar o milho armazenado no paiol. Quem cuidava do paiol era um cachorro. Um cachorro preto e grande.
Quem cuidava do paiol antes do cachorro cuidar do paiol era o pai do cachorro e, antes do pai do cachorro assumir a sua função, quem cuidava do paiol era o avô do cachorro.
E sempre foi assim, a família do cachorro cuidando do paiol, e não deixando que os ratos comessem todo o milho.
Era um trabalho duro: os ratos não acabavam nunca e, chovesse ou fizesse sol, lá estavam para roubar uma espiga aqui, outra ali.O cachorro não tinha folga e para fazer frente à rapidez dos ratos, mantinha os músculos em forma e os reflexos ligeiros.
Em compensação, o cachorro adorava o seu trabalho. Afinal, se não fosse por ele, os ratos já teriam há muito tempo comido todo o milho e acabado com a comida dos demais bichos.
Em reconhecimento ao seu trabalho, a bicharada elegeu o cachorro o presidente da fazenda.
E claro que o mando do presidente não era perfeito, discussões surgiam, a insatisfação aparecia. Mas, de uma coisa todos podiam ter certeza: quem trabalhasse, ganhava o seu quinhão.
Um dia, apareceu na fazenda um gato. Um gato magro e bigodudo. Tão bigodudo que, se tivessem barba os gatos, esse poderia ser um gato barbudo.
O cachorro, como todo cachorro que se preza, ciente da sua função e do valor do seu trabalho, latiu para o gato, quis que o gato fosse embora.
O cachorro sentia que aquele bicho de ar debochado, malicioso, sem muito gosto para o trabalho, não poderia ser grande coisa.
O fazendeiro não ouviu o que o cachorro quis dizer, e o gato foi ficando, foi ficando, foi ficando...
O gato, que não trabalhava (que, aliás, nunca tinha trabalhado), tinha bastante tempo para conversar com os outros bichos da fazenda. E chegava de mansinho junto da bicharada, magrinho, fraquinho, e começava a miar.
Os outros bichos, muito bonzinhos, paravam para escutar o que o gato tinha para dizer:
- Miau, miau, ai, ai. O que vai ser de mim. Não existe lugar nesta fazenda para um bichinho como eu, tão injustiçado, tão fraquinho! Veja, não posso trabalhar, o sistema é tão injusto! Só por que não nasci forte como o senhor, Seu Cavalo, só por que não posso dar leite como Dona Vaca, não posso trabalhar!
O Seu Cachorro, o dono do poder,não avalia essas contingências históricas e me mantém mergulhado nessa penúria...
- Mas, Seu Gato, e aquele trabalho que lhe ofereceram na casa, como guardião da dispensa?
- Não aceitei, Seu Cavalo. Na verdade, prefiro continuar minha luta por condições mais dignas!
No fim, depois de tanta ladainha, os bichos começaram a acreditar no gato. A sentir pena do gato.E o gato, que se dizia injustiçado. Que se fazia passar por vítima. Que era explorado pelo sistema e, principalmente, pelo cachorro que lhe negava tais milhos, conquistou a simpatia dos bichos.
E fez com que os bichos acreditassem que ele, tão sofrido, tão maltratado, iria garantir a todos melhores condições de vida. Tanto miou, tanto fez, que um dia os bichos revoltados com a situação de absoluta miserabilidade do gato e com a injustiça social reinante na fazenda, resolveram destituir o cachorro.E de nada adiantou o cachorro insistir que cuidar do paiol não era para qualquer um. Que ele havia treinado muito para assumir essa função. Que os ratos não eram mole, e não dariam trégua assim tão fácil.
Afastaram o cachorro e, por unanimidade,colocaram no seu lugar o gato. Os bichos sabiam que o gato dantes nunca havia trabalhado.
Que não tinha sequer se preparado para assumir a função mais importante na fazenda.
Mas acreditaram que o gato, por ter sofrido mais do que ninguém com a política do cachorro, traria ordem e moralidade à administração do paiol.
No começo, tudo foi festa: no lombo de Seu Cavalo, viajava o gato para outros sítios e fazendas, falando sobre a sua conquista. Contava aos outros bichos que agora a fazenda vivia uma nova realidade. Tanta era a festa, tanta era a euforia, tanta era a esperança, que os bichos não perceberam que mais e mais gatos não paravam de chegar.
Gatos de todos os jeitos. Gatos vindos de todas as partes. Gatos, que em comum com o gato-presidente, nunca tinham trabalhado na vida. E o gato-presidente, que curiosamente chamava todos os demais gatos de companheiros, precisava arranjar uma função para essa gataiada. Então, um dia, quando Seu Cavalo apareceu para puxar o arado, percebeu que, no seu lugar, um bando de gatos ocupava os arreios.
E Dona Vaca, que produzia o melhor leite da região, foi expulsa da estrebaria pelos companheiros do gato-presidente.
E as galinhas, no galinheiro não moravam mais: nos poleiros, gatos e mais gatos fingiam estar botando ovos.
E o gato-presidente remunerava prodigamente todos os seu companheiros. Afinal, um trabalho em prol da coletividade desempenhavam...
Como era de se esperar, o gato-presidente (que nunca havia trabalhado na vida) não conseguia cuidar do paiol. Os ratos logo perceberam a situação: atacavam, como nunca haviam feito, o milho da fazenda.
Tão complicada ficou a situação que o gato-presidente precisou conversar com o seu conselheiro. Um gato de óculos, que miava de um jeito esquisito, puxando demais os "erres":
- Miarr, presidente. A coisa tá feia. Em nome da governabilidade da fazenda, temos que nos aliar aos ratos!- Companheiro, os fins justificam os meios!
Devemos passar aos demais bichos uma imagem de ordem e tranqüilidade!
E os gatos fizeram um pacto com os ratos: os ratos fingiam que não roubavam o milho, os gatos fingiam que caçavam os ratos. Dessa forma, a bicharada acreditava que os ratos estavam sendo combatidos, e os ratos, que por baixo do pano recebiam suas espiguinhas, mantinham os gatos no poder.
Entretanto, o milho foi acabando. E os bichos, que haviam acreditado na conversa do gato-presidente, com fome, começaram a ficar insatisfeitos. E foram todos reclamar com o gato-presidente.
Tarde demais.
O paiol já estava infestado de ratos, ratos por toda parte, ratos em tudo. Ratos e gatos, gordos, barbudos, aproveitando tranqüilamente o que havia sobrado de milho no paiol, enquanto o resto da bicharada, os bichos que sabiam trabalhar, que davam duro, ficaram sem comida.
***** Obs: Qualquer semelhança dos gatos da fábula com os gatos de verdade é fantasiosa. Os gatos são animais simpáticos, que, como nós, ocupam seu lugar na ordem natural das coisas.
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3 comentários:
Tunico, meu caro,
ótima simbologia dos ratos com os "ratos"...
Às vezes, as fábulas repetem lições da vida...
Grande abraço, Carlos
www.euodeiolula.blig.ig.com.br
CLAP CLAP CLAP!!
Abs
Qualquer semelhanca e mera coincidencia!
http://somagui.blogspot.com
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