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sexta-feira, setembro 24, 2004

Reminiscências pessoais (5)

1995 até hoje
O interessante com o passar dos anos é que o pessoal e o profissional começam a se misturar cada vez mais. O fato de você ter uma empresa própria, trabalhar como profissional liberal , “por conta” como se diz no popular, implica em trazer a família para mais perto dos problemas de trabalho. A verdadeira montanha russa que é atuar neste mercado altamente competitivo, numa economia altamente instável como a brasileira, onde não se consegue fazer um planejamento financeiro da empresa que enxergue horizontes além de seis meses faz com que você procure conscientizar a família (que depende de você), destas incertezas. É difícil conscientizar um jovem filho, criado no melhor ambiente pequeno burguês, estudando em boas (e caras) escolas particulares que o mundo que era bom passa a ser mau.E que a relativa estabilidade financeira familiar que perdurou por mais de 15 anos, passa a ser uma relativa "instabilidade" financeira. Fazer as pessoas aceitarem esta mudança de ponto de vista acaba gerando atritos e inconformismos. Daí vêm os palpites, cobranças, questionamentos.

Aliado a isto, vêm as escolhas erradas de parceiros e colaboradores profissionais baseadas apenas no sentimento e não no pragmatismo, um grave defeito meu, dizem alguns amigos e familiares (sou teimoso, até hoje não acho isto). Mas estamos aqui nesta vida para aprender com ela e adquirir experiências sejam elas boas ou más.

Os seus erros e acertos profissionais acabam refletindo-se quase que imediatamente na sua vida pessoal, principalmente no aspecto financeiro e o sábio ditado “em casa onde falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão” acaba se confirmando.

O fato é que como tudo passa nesta vida, os últimos quatro anos, com o consequente amadurecimento pessoal e familiar advindos dos altos e baixos pecuniários e emocionais anteriores constituem-se até agora nos melhores anos desta vida.

Não que os altos e baixos pecuniários tenham acabado. Pelo contrário. As fases baixas são mais longas que as fases altas. A soma não dá para dizer que o futuro é cor-de-rosa.Hoje está mais para vermelho (risos incontidos). Eu já há um bom tempo me conscientizei que tenho que trabalhar para sobreviver pelo menos mais dez anos do que eu pensava há dez anos atrás. Trabalhar por diletantismo, por hobby? Parafraseando Fernando Gabeira, que que é isso, companheiro?

A família, em vez de diminuir, aumentou. Ganhei um genro e dois cachorros. Até o novo casal se estabilizar tem um tempo. Devemos dar apoio. E os cachorros devem viver mais uns dez anos pelo menos e custa caro manter a conta do pet shop e do veterinário.

Enfim, chegamos ao presente. O melhor de tudo isso que contei até agora foi constatar que o meu bom humor não mudou.A minha compulsão de ajudar as pessoas também. O humor é mais cáustico porém continua bom humor. Tenho hoje uma visão mais humanista do que cartesiana do mundo e do país em que vivemos. Porisso, tomei a iniciativa de participar e entender melhor os aspectos sociais e políticos que tanto influem em nossas vidas pessoais e profissionais. Assim o farei, sem um engajamento profundo mas sim como contribuição.

Dizem que sou bom contador de “causos” e tentarei daqui por diante justificar esta fama. Meus futuros posts serão somente “causos”. Sem me ater à linha do tempo. Espero poder entreter os leitores deste blog. Mas se não conseguir, paciência. Continuarão a ser registros que considero importantes para mim.
Até o próximo “causo”

Um comentário:

Santos Passos disse...

Outro dia vi, na porta traseira de uma dessas vans de entregas, o seguinte:
COMO ESTOU DIRIGINDO?
A continuação - que normalmente é algo tipo "Ligue para 0800 etc etc" - era:
MAL. F***-SE.
O CARRO É MEU.
Não sei porque lembrei disso ao ler seu post. ;)
Espero, ansioso, os "causos". Manda bala.