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quinta-feira, agosto 18, 2005

Vejam bem como a gente se engana fácil com esta politicalha brasileira

Desde o ano 2000, eu tenho o hábito de escrever emails para políticos, fazendo comentários, cobrando ações, dando idéias, sugestões.
Antes do advento da Internet,tinha preguiça de escrever cartas.Tinha que postá-las, ir ao correio, dava muito trabalho e minha atividade profissional me tomava (como toma até hoje) muito tempo.
Sempre achei que desta forma estaria exercendo uma pequena parte da minha cidadania.Estaria assim tentando contribuir para um país melhor para mim, para os meus entes queridos e para a sociedade.
Hoje prefiro escrever no blog ou no meu site. É mais eficiente, prazeiroso (e ainda posso compartilhar minhas idéias com quem me lê).
Assim, escrevi vários e-mails.Para Vereador,Deputado, Senador,Prefeito,Governador.Perdi a conta de quantos e-mails mandei nestes 4 anos e meio.Mais de 300, certamente.
Respostas? Seis. Isso mesmo, SEIS!
Uma do Senador Eduardo Suplicy(PT-SP) em 2001(votei nele), agradecendo minha missiva e aproveitando a ocasião para pedir apoio ao projeto de renda mínima de sua autoria, mas não respondendo diretamente à minha cobrança de fazer com que o PT parasse de bloquear no Congresso projetos importantes do governo FHC, como reforma da previdência e reforma tributária;
Outra, do Deputado João Paulo(PT-SP), Presidente da Câmara em 2003, agradecendo e comprometendo-se a tomar medidas para reduzir custos supérfluos e mordomias;
Outra da assessoria do Senador Artur Virgílio(PSDB-AM) em 2003, agradecendo as palavras de apoio às suas intervenções sempre inteligentes e contundentes no Senado(parecia uma resposta padrão, pois não apoiei nada);
Outra do Senador Jefferson Peres(PDT-AM) em 2003, muito simpática e respondendo diretamente meu comentário sobre seu artigo “A Mexicanização do Brasil”.
Outra da assessoria do Senador Aloísio Mercadante(PT-SP) em 2003, me desqualificando ironicamente, quando questionei um pronunciamento dele no Senado, sobre o desempenho da economia no governo Lula(cá entre nós, um monte de bravatas);
Outra do Senador Paulo Paim(PT-RS) em 2004, pedindo desculpas pela não aprovação da PEC paralela da Previdência no prazo prometido por ele(desculpa sincera).Demorou um ano e meio para ser aprovada.
Outra do Vereador Gilberto Natalini(PSDB-SP) em 2003, agradecendo o apoio para derrubar as taxas do lixo e da iluminação(as famosas Martaxas).Depois, me mandou um “santinho” por correio.

Mas, o mais importante é que comentários e questionamentos meus a respeito da necessidade do governo do PT em vez de bradar contra “heranças malditas” promover uma coalizão, incluindo as boas iniciativas do governo anterior e trazendo a oposição para uma união pelo bem do país, nem foram respondidas por Genoíno, Dirceu,Palocci a meu ver, as pessoas mais próximas do “reizinho do Palácio do Planalto”.

O idiota aqui até chegou a acreditar em declarações de princípios destes representantes do povo, eleitos também com meu voto,tanto do PT como do PSDB, partidos que dominam a cena política brasileira desde 1994.

Hoje, vendo esta barafunda criada, prometi a mim mesmo. Não vou mais perder meu tempo com esta politicalha. Vou continuar cuidando da minha vida como sempre cuidei e quero que estes políticos e organizações políticas chamadas de “partidos” se explodam!
Que todo o dinheiro sujo que ganharam com suas maracutaias, eles gastem em remédio e hospital.Rogo esta praga.
Afinal, o país continua andando a despeito destas aves de rapina que grassam em Brasília.Eu também vou andando com minhas próprias pernas, intelecto e esforço.Apesar desta chusma de ladrões do dinheiro, dos corações e mentes dos brasileiros sérios e honestos.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Choro do PT ainda é arrogância. É pouco. Por Reinaldo Azevedo

Em "O Existencialismo É um Humanismo", um livro da fase não stalinista de Sartre, ele lembra que os católicos acusavam os existencialistas de não se comover nem com o sorriso de uma criança. Transformava assim em caricatura a descrença de sua corrente de pensamento numa essência humana anterior à própria existência dos seres tomados individualmente. Pois é.
Em matéria de petistas, estou como aquela caricatura: suas lágrimas não me comovem. Sempre que eu vir um petista chorando de tristeza, um pouco mais do país está a salvo da mistificação e da rapinagem. Por mim, que inundem o Parlamento. Sempre será por motivos justificáveis e justificados.
O mal que essa gente faz ao país não se mede só no curto prazo.Acho até engraçado quando dizem que sou tucano em tom de acusação. Tucanos, no geral, vêem os petistas como irmãos meio abilolados ou filhos destrambelhados.
Eu os considero sabotadores da democracia. Não lhes dou uma mesada de boa vontade. Espero que a democracia se encarregue de bani-los do jogo político. Usam a democracia para solapá-la, não para aprimorá-la. Trazem a semente da destruição de um regime de liberdades públicas e de garantia de direitos individuais.
Não creio que o país precise do PT e do que ele representa. Também não quero pô-los na ilegalidade. Prefiro que eles mesmos caminhem para ela e que sejam tornados inofensivos pelas regras democráticas. Quero fazer avançar o Estado de Direito: quanto mais oxigênio democrático houver, menos petismo. São como bactérias anaeróbias.Eles mentiram. E não seriam melhores se estivessem praticando a sua verdade. Ao contrário: seriam piores.
O país só não está à beira do abismo porque, felizmente, praticaram estelionato eleitoral e, uma vez no poder, fizeram com a economia justamente o contrário do que pregavam. O que também não quer dizer que tenham escolhido o melhor caminho entre as opções dadas. A menos que alguém considere que juros reais de 15%, com superávit de 5%, câmbio depreciado, atraindo capital especulativo, o que aumenta a dívida pública, tornando crescente a necessidade de superávit, seja um ciclo virtuoso.
Mas — e isso também já escrevi — a alternativa, dentro do próprio PT, era ainda pior. Por que precisamos de um partido que, na economia, ou é estelionatário ou incendiário? Não sei.Aí diziam que precisávamos de um partido como o PT porque eles teriam inserção social e reuniriam uma experiência com políticas públicas superior a tudo aquilo que se havia visto no Brasil. Era também uma grossa mentira.
Ao contrário: são incompetentes como gerentes. Não conseguem ter a gerência nem mesmo do seu próprio aparelho partidário, menos ainda a do Brasil. Só avançaram, nestes dois anos e meio, as áreas que ficaram intocadas pelo Moderno Príncipe. Aonde o PT chegou, experimentou-se a terra arrasada.
O crescimento brasileiro no período, medíocre na média dos três anos, é muito inferior à dos congêneres emergentes. Por que precisamos de um partido que leva a gestão do Estado à beira da falência? Que não consegue nem dar remédio para meia dúzia de indiozinhos? Que não viu frutificar um miserável programa da área social?
Aí, então, diziam que precisávamos do PT porque eles encarnavam um diferencial ético como nunca se havia visto na política nacional, uma vez que traziam as experiências dos movimentos sociais de base, os valores do cristianismo popular e todas as justas utopias (eles dizem ser justas; a mim me enojam) da esquerda socialista. E, no entanto, jamais se assistiu a tamanha degradação da República. Jamais descemos tão baixo na esculhambação, na ilegalidade e até no vocabulário que marca estes tempos. “Cueca” foi parar no Jornal Nacional. Valério lamentou em plena seção da CPI a “cagada”; mais tarde, usou o verbo “foder” como sinônimo de “prejudicar”. A rua chegou à Casa do Povo. Não a rua da res publica, mas o beco, o botequim, o submundo, a escória.
Por que precisamos de corruptos cujo diferencial é a facilidade com que sempre acusaram os outros de corrupção? Por que precisamos do PT?As lágrimas dos petistas não me comovem. Façam como eu. Não sejam petistas e jamais terão de chorar por isso. Chorem lendo os Dublinenses, alguns sonetos de Mário Faustino, vendo Amarcord, de Fellini. Se quiserem, chorem lendo até Coração de Vidro, de José Mauro de Vasconcelos ou alugando o DVD do Bambi.
Mas, por favor, não chorem lamentando a justiça que vocês queriam fazer por nós. Essas lágrimas nem mesmo irrigam uma história meritória. Essas lágrimas, bem como a verborragia hoje vitoriosa dos psolistas (do PSOL) salgam chagas ainda abertas em biografias que foram esmagadas, pisoteadas, satanizadas, chutadas nas ruas, nas praças, nos mercados.
O PT ainda não expiou todo o mal que já fez ao Brasil e o mal que ainda pretendia fazer. Choram por autocomiseração, não por arrependimento. Por incrível que pareça, seu choro é sinal de arrogância. E já digo por quê.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Pensando bem...

O PT vai se refundar, disse Tarso Genro.Poderia mudar de nome também.
Dou minha sugestão. Que tal SMP&T?

terça-feira, agosto 02, 2005

Uma tragicomédia Congressual

Deputado Indeterminado:
Com a palavra o nobre senador Insosso.
Senador Insosso: Muito obrigado, presidente.
Burburinho. Campainha.
Senador Insosso: Senhor presidente, assim não é possível, não tem cabimento.
Campainha (três vezes).
Senador Insosso, para o depoente: O senhor é ou já foi eleitor do Partido dos Sonhadores?
Depoente: Sim, senhor senador.
Senador Insosso: É ou já foi?
Depoente: Eu já fui, senhor senador.
Senador Insosso: Muito bem. O senhor votou quantas vezes nos candidatos do Partido dos Sonhadores?
Depoente: Não posso lhe informar, senhor senador. Sinto muito, infelizmente eu não sei.
Senador Insosso, visivelmente irritado: O senhor tem consciência de que ao contrário dos outros depoentes que passaram por esta comichão o senhor não tem advogado e não está protegido por um habeas-corpus e portanto deve responder a todas as perguntas e está constrangido a dizer a verdade sob pena de sair deste recinto para uma prisão brasileira?
Burburinho. Campainha.
Depoente: Sim senhor senador, tenho consciência disso, eu acho.
Senador Insosso: Então quantas vezes Vossa Senhoria votou nos candidatos do Partido dos Sonhadores?
Depoente: Foram várias vezes, senhor senador. Inúmeras vezes.
Senador Insosso: Inúmeras vezes?
Depoente: Sim senhor, inúmeras.
Burburinho.
Deputado Indeterminado: Com a palavra o nobre deputado Ambas Aspartes.
Deputado Ambas: Obrigado, Excelência. Senhor José, descreva suas relações com o Partido dos Sonhadores.
Depoente: Nunca fui filiado ao Partido dos Sonhadores.
Deputado Ambas: Mas foi militante.
Depoente: Participei de reuniões com militantes. Fui às ruas durante as eleições. Distribui panfletos nos cruzamentos. Sempre acreditei no sonho.
Silêncio.
Deputado Ambas, peremptoriamente: Senhor José, o senhor já esteve em assentamentos do Movimento dos Sem-Terra?
Depoente: Sim senhor, certa vez estive, com colegas...
Senadora Indignada: Pela ordem, senhor presidente, pela ordem!!!
Deputado Indeterminado: Com a palavra, pela ordem, a digníssima senadora Indignada.
Senadora Indignada: Até quando seremos obrigados a conviver com a desfaçatez desta camarilha palaciana...
Repórter com microfone em alto-falante encobrindo a voz da senadora Indignada: Diretamente do Congresso Nacional estamos acompanhando na íntegra mais um depoimento da Comichão Parlamentável Incerta.
Pelo número de parlamentáveis inscritos o depoimento do cidadão José Inocente Útil ainda deve durar mais cerca de doze horas. Quem está falando agora é a senadora Indignada do Partido do Sonho Impossível. Ela acaba de interromper o deputado Ambas Aspartes, do Partido do Bom Patrão e como todos sabem (tentando ser engraçada) a senadora costuma fazer longos discursos...
Âncora, também no alto-falante, tentando parecer interessado: Mas, Poliana, quer dizer que realmente a senadora Indignada interrompeu o deputado Ambas Aspartes? Repórter, em meio a um grande burburinho: Sim, mas agora o que está acontecendo é que os outros deputados e senadores do Partido do Bom Patrão fizeram uma manifestação de repúdio ao deputado Sujeito Indeterminado, que é do Partido Social Burocrata e preside esta CPI. Enquanto isso, (totalmente perdida) os integrantes do Partido dos Sonhadores que ainda permanecem ameaçaram se retirar daqui desta sala do plenário onde se reúne a Comichão Parlamentável Incerta. Mas mesmo assim a senadora Indignada continua fazendo o seu longo discurso, depois de ter interrompido o depoente enquanto o deputado Ambas Aspartes fazia perguntas, vamos ouvir a senadora...
Senadora Indignada: Portanto é por isso que eu dediquei os melhores anos da minha vida a este sonho e não serão vocês que conseguirão me convencer do contrário porque eu sou o sal desta terra e se o sal não salga então ou é porque não pode deter a corrupção ou é porque a corrupção não quer recebê-lo e precisa ser detida...
Burburinho. Campainha.
Deputado Indeterminado: Com a palavra o deputado Deletério.
Deputado Deletério: Senhor José Inútil... Inocente Inútil...
Deputado Indeterminado: É Inocente Útil, deputado.
Deputado Deletério, com certa insegurança: Senhor José Inocente, diga o seu nome completo, por favor.
Depoente: O senhor já disse o meu nome, deputado.
Deputado Deletério: Mas realmente é um desrespeito mesmo, senhor Inútil. O senhor não pensa na honra de sua família e de sua cidade? Vou lhe dizer, para que o senhor saiba, senhor Inútil, que eu na minha cidade sou muito conhecido e respeitado. Em minha empresa, senhor Inútil, eu tenho não sei quantos mil empregados. Não sei quantos mil empregados! O senhor está me ouvindo? E todos eles, senhor Inútil, todos os meus não sei quantos mil empregados votaram em mim e neste exato momento estão todos acompanhando a minha atuação aqui nesta Comichão Parlamentável Incerta, que por sinal tem sido tão bem conduzida pelo meu conterrâneo e companheiro de partido, meu grande amigo, o nobre deputado Sujeito, que tanto fez por mim e pelos meus não sei quantos mil empregados e por todo o meu eleitorado. Portanto eu lhe pergunto, senhor Inútil, em nome da Nação, o senhor já fumou maconha?
Depoente: Com todo o respeito que lhe devo, que é muito, senhor deputado Deletério, eu me reservo o direito de permanecer calado sobre esse assunto, nobre senhor deputado.
Burburinho. Campainha. Burburinho.
Deputado Deletério: Mas o senhor não tem dinheiro para pagar advogados, senhor Inútil, o senhor não tem habeas-corpus, o senhor é obrigado a responder à minha pergunta.
Deputada Meritíssima: Pela ordem, senhor presidente. O cidadão tem o direito de permanecer calado.
Deputado Deletério: Senhor José Inocente, o senhor alguma vez já esteve pessoalmente com Vossa Excelência o Excelentíssimo Presidente Nulo?
Murmúrio de espanto.
Depoente: Nunca estive, senhor deputado.
Deputado Deletério: O senhor afirma que nunca o viu pessoalmente?
Depoente: Quer dizer, eu o vi pessoalmente, mas estava longe, no meio da multidão...
Deputado Deletério: O senhor afirma que o presidente Nulo estava no meio da multidão? Depoente: Não senhor, eu estava no meio da multidão, ele estava sobre um palanque e ainda não era presidente.
Deputado Deletério, depois de observar o depoente por alguns instantes: Já esteve alguma vez pessoalmente na sede do Partido dos Sonhadores?
Depoente: Não posso falar, senhor deputado.
Deputado Deletério: Por que não? Não se lembra?
Depoente: Não porque não me lembre, senhor deputado, mas porque isso tudo é demais para a minha cabeça.
José Ninguém, Julho de 2005.